Quem influencia quem?

Por premissa, o formador de opinião é um influenciador nato. É alguém que tem a capacidade de modificar a opinião de outras pessoas. E essa influência pode acontecer em vários campos da realidade. Os formadores de opinião estão presentes em diferentes debates da sociedade: na religião, no esporte, na economia, na moral ou na política.

As redes sociais propiciaram um ambiente mais arenoso para os formadores de opinião, que passaram a ter a concorrência dos influenciadores digitais. Os influenciadores ressignificaram a forma de persuasão, utilizando diferentes narrativas, indo do humor à disseminação do ódio para tratar de temas cotidianos da política nacional. O mundo virtual deu voz aos usuários, tirou as pessoas do anonimato e fomentou a perspectiva de que cada um pode escolher a fonte de informação que acredita ser mais adequada.

 Chegamos ao contexto da radicalização política, com as redes sociais mostrando posições extremas, pouco diálogo e muita polarização política. Um cenário no qual é difícil separar o que é fato do que é fake. A regra não oficial das redes é mais ou menos assim, “se alguém não pensa como eu, é contra mim” OU “se alguém não tem uma posição em um dos lados, é um picolé de chuchu.”

Com esse contexto de radicalização política das redes sociais, o IPO – Instituto Pesquisas de Opinião foi às ruas do Estado do RS para compreender o tamanho e o papel dos formadores de opinião, aqueles que estão conversando sobre política, dividindo suas ideias, levando suas percepções para as conversas que ocorrem na mesa de bar, no trabalho ou nas reuniões de família.

Para medir o número de formadores de opinião, utilizou-se, simultaneamente, dois indicadores. O entrevistado manifestou muito interesse por política e o hábito de conversar sobre política, semanalmente. Ou seja, trata-se de uma pessoa que tem o hábito semanal de se informar sobre política e trocar ideias com outras pessoas.

Em 2016 o RS tinha 1/3 dos gaúchos que se enquadravam no conceito de formadores de opinião. Atualmente 1/5 da população pode ser classificada por esse conceito. A pesquisa identificou que:

– 23,4% dos gaúchos se interessam muito por política;

– 44,5% conversaram sobre o tema na última semana;

– 19,6% são formadores de opinião, toda a semana se informam e falam de política com outras pessoas, levando suas impressões e leituras sobre o cenário político, governo e eleições.

Os formadores de opinião estão presentes em todas as faixas de renda e escolaridade, mas se destacam dentre os gaúchos que têm maior faixa-etária, escolaridade e renda familiar. Os homens, que já são maioria em cargos eletivos, também ocupam maior espaço como formadores de opinião.

A maior parte dos formadores de opinião se auto classificam como de direita ou de esquerda. A análise comparativa dos dados indica que a radicalização política vem diminuindo o número de formadores de opinião com posição ideológica mais ao centro do espectro político. Muitos continuam se informando sobre política, mas evitam conversar sobre o tema com outras pessoas.

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