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O Rio Grande após a pandemia

Na virada do ano, o IPO – Instituto Pesquisas de Opinião realizou um estudo inédito, entrevistando de forma aprofundada as lideranças regionais do setor produtivo gaúcho. Foram mais de 400 entrevistas com representantes de entidades de todos os segmentos (comércio, indústria, cooperativas, agronegócio e gestão pública). O relatório de pesquisa está disponível no site da Assembleia Legislativa, e denomina-se: “O Rio Grande após a Pandemia”.

O principal objetivo da pesquisa foi compreender a percepção das lideranças sobre quais serão as condições do ambiente produtivo, competitivo e social da economia do RS no pós-pandemia. Muitos entrevistados começaram a entrevista afirmando que estão cansados de responder a questionamentos que não se mostram resolutivos.

O setor produtivo afirma que “tem feito a sua parte em termos de competitividade”, avaliam que as empresas são competitivas da “porta para dentro”. O empresariado gaúcho está sempre correndo atrás de tecnologia, de inovação, de novas modelagens de negócios e mantendo o trabalho árduo e o espírito empreendedor.

A pandemia prejudicou cada segmento de forma diferente, registrando uma média de perda de mais de ¼, com estimativa de dois anos para recuperação. O agronegócio afirma que a estiagem prejudicou muito o setor. O comércio está fragilizado em função das medidas restritivas de cada cidade. A indústria reclama da falta de insumos. A grande maioria acredita na retomada econômica, demonstra muita vontade de superação e avalia que há muita demanda reprimida: “todos querem voltar à vida normal: vender, comprar, passear, estudar e trabalhar”.

A maior parte dos entrevistados alertou que o problema da competitividade e do desenvolvimento do RS não pode ser analisado apenas pela lógica da pandemia. Avaliam que o Estado precisa criar as condições de competitividade da “porta para fora”. Significa dizer que o Governo precisa fazer a sua parte, sendo necessário romper com um ciclo vicioso (em que as reformas visam a resolução do problema do Governo) para um ciclo virtuoso (onde as reformas objetivem desenvolver o Estado).

A visão do setor produtivo mostra a sensibilidade de quem está do outro lado do balcão, de quem acredita que faz a roda girar. Durante as entrevistas, o case de Santa Catarina aparece para ilustrar que há necessidade de mudar o “modelo mental”, o que significa rever a forma de pensar as reformas do Estado.

Segundo os entrevistados, o círculo virtuoso seria possível a partir de uma reforma tributária que vise a diminuição dos tributos a patamares de outros Estados. Essa reforma deveria estar acompanhada de um processo contínuo de desburocratização e fomento à tecnologia e inovação, com políticas públicas que observem a competitividade das cadeias produtivas e vocação de cada cidade ou região. E o governo teria que ter uma atenção especial à infraestrutura e à logística.

Esse novo modelo mental seria “a forma de fazer a coisa certa”, pois resultaria na ampliação das vendas, no aumento do consumo, na geração de empregos, na atração de novas empresas e em mais tributação e orçamento para o Estado.

O setor produtivo sabe que o mais complexo é a inversão da lógica: de um contexto onde todos trabalham para pagar a conta do Governo, para uma lógica onde todos trabalham para desenvolver o Estado. Indicam que o Executivo e o Legislativo devem liderar essa reflexão e fazer o debate inicial, integrando o judiciário, o setor produtivo e a sociedade como um todo.

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