Política de Privacidade

O político que o eleitor deseja

Não é de hoje que os políticos desfrutam de má reputação. A maior parte dos eleitores não confia nos representantes do povo e acredita que os mesmos atuam mais em causa própria do que pelo interesse público.

Os cientistas sociais e políticos do IPO – Instituto Pesquisas de Opinião têm se debruçado na compreensão desse fenômeno e na possibilidade de superação dessa cultura política.

A desconfiança com os políticos está associada ao desinteresse pela política. Quanto menor a participação política, quanto menor o exercício da cidadania, quanto menor é o conhecimento sobre os direitos sociais, fundamentais e individuais, maior é a percepção de que a política é algo exclusivo dos “amigos do rei”.

Essa desconfiança fortalece uma descrença generalizada que se alimenta da frustração e é mantida pela indignação com as situações conjunturais e estruturais de cada cidade, estado e do país.

Os problemas conjunturais que geram a percepção da opinião pública estão associados às situações do cotidiano, àquilo que cada eleitor passa ou vê acontecer durante a sua vida. Simbolicamente, tem a ver com a esperança depositada e a consequente decepção diante das promessas não cumpridas, dando a ideia de que todo político “nasce demagogo”. Também está ligada diretamente à forma como os serviços públicos funcionam ou pela falta dos mesmos. Para os eleitores, “não é que os políticos não saibam administrar, é que eles não querem.”

Do ponto de vista estrutural, aprendemos de geração em geração que os políticos roubam, que trabalham mancomunados, que desviam recursos públicos, que atendem apenas aos seus redutos e que não se preocupam com os serviços públicos porque não os usam.

Essa percepção negativa, que gera um sentimento de detração aos políticos, poderia ser minimizada e revertida a longo prazo se duas medidas legais fossem instituídas como mecanismos de moralização política:

a) políticos fossem obrigados a cumprir o prometido;

b) os representantes do povo e sua família deveriam utilizar os serviços públicos que gerenciam.

E não é nada difícil para o eleitor explicar e defender essas duas premissas como basilares da moralização política e molas propulsoras do restabelecimento dos elos de confiança.

O político que o eleitor deseja precisa ter a obrigação legal de falar a verdade e ser punido severamente se não cumprir o que prometeu, junto com o seu partido. Nenhum partido irá dar guarida a um candidato sem vergonha, mentiroso ou louco, se souber que poderá ser punido, perder o fundo partidário ou direitos políticos do partido.

O outro ponto também é altamente disruptivo. Imagine os políticos e seus familiares usando apenas o SUS e a educação pública? Para os eleitores seria um controle de qualidade natural, o prefeito saberia como está a escola do município, quanto tempo demora para conseguir uma consulta e como está a estrutura da UBS. O mesmo valeria para todos os demais cargos, executivos e legislativos.

O desejo do eleitor é simples, muito simples. Ele quer que os políticos definam regras de governança que primem pelo bem comum permitindo que os benefícios públicos possam ser compartilhados por várias pessoas, para além dos interesses políticos.

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