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O hábito de fumar cigarros e seus impactos sociais

O dia a dia de um profissional de pesquisa é multifacetado, investigamos os mais diversos temas oriundos de anseios de diferentes tipos de cliente.

No mesmo dia, analisamos dados de pesquisa com consumidores que possuem alguma restrição alimentar, com munícipes de uma cidade em que o prefeito está em processo de impeachment ou com interessados em um novo empreendimento imobiliário, isso só para citar alguns exemplos.

Em uma pesquisa realizada pelo IPO – Instituto Pesquisas de Opinião em março de 2019, motivados pelo anseio do homeopata e pesquisador da área da saúde, Dr. Roni Quevedo, investigamos o hábito de fumar dos pelotenses, e quantos cigarros em média são consumidos por dia.

Aproximadamente ¼ dos pelotenses, 24,3% têm o hábito de fumar cigarros. Calculando esse percentual a partir dos dados do Censo 2010 (IBGE), estima-se que 74 mil pessoas fumam diariamente em Pelotas.

E esse hábito é maior entre os que possuem menor renda familiar (até 2 salários mínimos), 28,8%, baixa escolaridade, 31,1%, entre os que têm ensino fundamental. Em termos etários não há diferenças significativas, porém os que possuem de 25 a 34 anos e de 45 a 59 anos, têm hábito de fumar acima da média geral da cidade.

Analisando o hábito de fumar cigarros com a situação de trabalho dos entrevistados, observamos que a maior incidência está entre os inativos, especialmente entre as donas de casa (37,8% fumam), os desempregados (34,5%) e os afastados do trabalho (33,3% são fumantes).

A média de cigarros tragados por essa população que tem o hábito de fumar é de 13 cigarros por dia. Dados do INCA – Instituto Nacional de Câncer, de 2014 apontavam que a média nacional era de 17 cigarros fumados por dia.

Essa quantia de cigarros diários, representa uma média 20 maços por mês. Em termos de valores, utilizando como referência o maço de cigarro nacional com menor preço, R$ 5,25, estima-se que cada pelotense fumante tem um custo mensal de R$ 105,00, o que corresponde a R$ 1.260,00 ao ano.

E calculando a média de cigarros fumados diariamente pelos pelotenses (13) com a estimativa de fumantes, teremos um número expressivo de baganas produzidas diariamente na cidade, 962 mil cigarros.

Os dados listados acima, têm influência direta na vida da sociedade, especialmente em três áreas: financeira, saúde e limpeza pública.

O impacto financeiro pode ser analisado tanto do ponto de vista do Estado, que recebe a arrecadação dos impostos oriundos desse consumo, quanto do ponto de vista do consumidor, que dispensa de uma quantia  significativa mensal para manutenção do seu vício, sem muitas vezes se dar conta de quanto isso representa do seu orçamento mensal. Mais ainda se levarmos em consideração o perfil onde está a maior média de fumantes, pessoas de menor renda.

O impacto na saúde é comprovado em pesquisas apresentadas pela Organização Mundial de Saúde, que apontam que o tabaco mata até um de cada dois fumantes e continua sendo uma das principais causas de morte evitáveis. Essa droga legal mata 5 milhões de pessoas por ano (no mundo), mais que os acidentes de trânsito, o HIV e o suicídio juntos.

E há que se considerar o impacto que os cigarros fumados diariamente causam na limpeza pública da cidade… se ao menos metade dos tocos de cigarros fumados na cidade sejam jogados em via pública, estaremos falando de quase meio milhão de baganas jogadas diariamente nas ruas de Pelotas.

 

Gisele Rodrigues, gerente de pesquisas do IPO, é a cientista social que conhece holisticamente o processo de investigação. Gerencia a equipe em termos de planejamento, execução e análise. Com mais de uma década de experiência em pesquisa, já coordenou os mais variados projetos quantitativos e qualitativos.

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