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O discurso dos políticos influencia a sociedade ou a sociedade motiva o discurso?

Os estudos do IPO – Instituto Pesquisas de Opinião sobre comportamento da sociedade, no segundo turno da eleição de 2018, demonstraram que a indignação social era movida por quatro grandes lógicas:

1º) A corrupção do país;

2º) O aumento da violência;

3º) A piora da economia;

4º) E as dificuldade de acesso a saúde, em especial, consultas especializadas, exames e cirurgias.

As análises indicavam que a indignação social foi ampliada pelo individualismo fomentado pelas redes sociais, sendo a base de pólvora para a grande massa de pessoas intolerantes e pelo radicalismo que se viu. E onde há pólvora pode ocorrer explosões.

Durante todo o processo eleitoral, mas especialmente no segundo turno, a base social descrente e indignada foi sendo inflada pelos discursos dos candidatos, quanto mais se radicalizava o discurso mais eram ativados valores que estavam adormecidos, sendo um estopim para a crescente intolerância. É mais ou menos assim, a democracia estava nos ensinando a respeitar o outro, a aceitar a diferença, a não criticar a diversidade. Este respeito democrático foi criando um politicamente correto e sufocando o conservadorismo da sociedade.

Conforme foi se acentuando o discurso de defesa da família, da ordem e da autoridade foi se ampliando a força da visão conservadora da sociedade e diminuindo o politicamente correto. As pessoas passaram a expressar seus preconceitos e suas indignações sem nenhum pudor, sem nenhuma preocupação, mesmo que tivesse que desrespeitar o outro.

O que a antes era “sentido” e não “dito”, encontrou nas falas de alguns políticos as bases de sua “legitimidade”. Muitas pessoas se sentiram representadas e livres para expor sua visão de mundo.

Os políticos não são uma classe descolada da sociedade, não são seres extraterrestres. Eles “nascem” da sociedade e reproduzem o que a mesma quer ouvir e devem representar os interesses desta mesma sociedade.

No começo do processo eleitoral me questionaram sobre qual o discurso teria mais força no processo eleitoral, respondi: o discurso que terá mais força será aquele com mais eco no seio da sociedade, será legitimado ou não pelo número de pessoas que se afinarem com o mesmo.

E o resultado da eleição neste último domingo demonstrou a força que uma linha discursiva pode ter na sociedade, desde que esteja alinhada aos seus anseios. Como a sociedade está cada vez mais desconfiada com o sistema política vigente, escolheu candidatos que também se portam como antissistema.

 

Gisele Rodrigues, gerente de pesquisas do IPO, é a cientista social que conhece holisticamente o processo de investigação. Gerencia a equipe em termos de planejamento, execução e análise. Com mais de uma década de experiência em pesquisa, já coordenou os mais variados projetos quantitativos e qualitativos.

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