A tecnologia está cada vez mais presente na vida dos gaúchos, sendo que mais de 80% dos consumidores estão conectados nas redes sociais e o smartphone é um instrumento presente ‘nas mãos, nas bolsas e nos bolsos’ da maioria da população.
O IPO – Instituto Pesquisas de Opinião tem se dedicado a compreender a relação entre a utilização da internet e a experimentação de compra em lojas virtuais e a tendência do consumidor.
Um dos fatores interessantes extraídos de estudos etnográficos, com base em jornadas de compra, traz a reflexão sobre a motivação do consumidor em sua primeira experiência em loja virtual. Uma grande parcela dos consumidores gosta de ter novas experiências, de se experimentar em compras no mundo virtual. Entretanto, a preocupação com os perigos do mundo virtual funciona como um limitador da experimentação da loja virtual.
O fator que motiva a compra virtual está no mundo real: na rede de relacionamentos, na conversa entre as pessoas. Consumidores que já experimentaram uma loja virtual, que já realizaram compras na internet influenciam e orientam outros consumidores a realizarem suas compras pela web. A troca de informações entre consumidores contempla desde a indicação das lojas virtuais mais competitivas em termos de preço, e em relação à qualidade dos produtos e, especialmente, em termos de tempo de entrega. Sem contar que as lojas virtuais de maior credibilidade são aquelas que existem, também, em lojas físicas.
Em pesquisas quantitativas, verifica-se que 1/3 dos consumidores gaúchos realiza compras pela internet. Este hábito se acentua entre os mais jovens, representando 50% da população de 16 a 24 anos e 36% dos que têm de 25 a 34 anos. O perfil de escolaridade se caracteriza, principalmente, pelo nível superior e renda acima de seis salários mínimos familiares.
Estes consumidores declaram que os produtos preferenciais para compra via web são: eletrodomésticos, eletroeletrônicos, material de informática, livros e revistas, acessórios (joias, relógios, óculos), roupas, calçados entre outros.
No público que estabelece relação com a compra on-line, há vários motivos que sustentam a preferência pela loja virtual em detrimento da loja física. A comodidade/praticidade se destaca como principal fenômeno, mesmo levando em consideração que em muitos casos, não há diferença de preço tendo em vista o custo de logística para entrega do produto.
Neste sentido, os diferenciais competitivos da loja virtual estão alicerçados na relação que a loja estabelece direto com o consumidor e a agilidade propiciada. Entretanto, os entrevistados registram que a relação começa pela confiança do consumidor na marca (no portal consultado) e se consolida pelo número de opções disponíveis, no mix de produtos (em especial em relação aos produtos que não estão disponíveis nas lojas físicas).
A praticidade, comodidade propiciada pela loja virtual também está associada à possibilidade de pesquisar detalhadamente a descrição e os detalhes do produto. Parece contraditório, mas é como se o consumidor se sentisse empoderado e com maior capacidade de entender o que está comprando.
Este jovem consumidor de hoje constituirá o cerne do consumidor de amanhã e para seguir a tendência deste consumidor, em especial os com maior poder aquisitivo, as lojas de varejo devem se preparar para se relacionar com o consumidor de ambas as formas (com loja física e virtual).
https://www.coletiva.net/colunas/o-consumidor-gaucho-e-a-sua-relacao-com-a-loja-virtual,272775.jhtml
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO – Instituto Pesquisas de Opinião em 1996. Utilizando a ciência como vocação e formação, se tornou uma especialista em comportamento da sociedade. Socióloga (MTb 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na UFPel e tem especialização em Ciência Política pela mesma universidade. Mestre em Ciência Política pela UFRGS e professora universitária, Elis é diretora e Conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) www.asbpm.org.br