Não há problema em trabalhar, o problema é conseguir trabalho

Nesse momento, um dos principais debates do País está associado à proposta de nova Reforma da Previdência, elaborada pela equipe econômica do presidente Jair Bolsonaro. A proposta estabelece uma idade mínima para conseguir se aposentar e, paralelamente, uma contribuição mínima para o INSS.

O IPO – Instituto Pesquisas de Opinião realizou uma pesquisa de opinião no Rio Grande do Sul para verificar o conhecimento e a posição dos gaúchos quanto à nova proposta de reforma da previdência.

Para medir o grau de conhecimento, utilizou-se uma escala de intensidade: O(a) Sr.(a) tomou conhecimento da nova proposta de Reforma da Previdência encaminhada pelo Governo Federal? E o(a) Sr.(a) diria que está bem informado, mais ou menos informado ou mal informado sobre esse tema?

– Tem conhecimento e está bem informado: 16,4%

– Tem conhecimento e está mais ou menos informado: 57,4%

– Tem conhecimento e está mal informado: 24,4%

– Não teve conhecimento: 2,0%

Os dados indicam que a maioria está informada, sendo que 73,8% se consideram bem informados ou mais ou menos informados.

Depois, verificou-se a posição do gaúcho sobre a nova reforma, aplicando a seguinte questão: Considerando tudo o que o(a) Sr.(a) viu e ouviu sobre a Reforma da Previdência, o(a) Sr.(a) é a favor ou contra a Reforma da Previdência?

– A favor da proposta de nova Reforma da Previdência: 35,0%

– Contra a proposta de nova Reforma da Previdência: 43,6%

– Indiferente à proposta: 5,0%

– Não sabe avaliar ou não tem conhecimento: 16,4%

Dentre os que são favoráveis à nova proposta de Reforma da Previdência, o principal argumento está associado a fatores contingenciais presentes no discurso oficial, como a necessidade de diminuir os gastos do governo e ampliar a capacidade econômica do País.

Dentre os contrários, destacam-se os de menor faixa etária, chegando a 51,9%. Quanto mais jovens, maior a contrariedade à nova proposta de Reforma da Previdência. O segundo grupo mais crítico é a população de 50 a 59 anos, com 46,9% de contrariedade a proposta. A pesquisa identificou que, quanto menor a renda, maior a contrariedade com a nova proposta de Reforma da Previdência.

Em ambos os casos, a maior preocupação é com a idade mínima para se aposentar: proposta de 62 anos para mulheres e de 65 anos para os homens.

A contrariedade da população com a Reforma da Previdência está associada à preocupação com o mercado de trabalho, com as vagas de emprego para as pessoas com maior faixa etária.

São argumentos racionais e muito sensíveis de quem conhece as dificuldades de inserção no mercado de trabalho e as restrições de vagas para quem já passou dos 50 anos de idade.

Além da concorrência natural provocada pelas taxas de desemprego do Brasil, essas pessoas sofrem com a ampliação da tecnologia no mercado de trabalho, que atinge diretamente as atividades operacionais e braçais, tais como porteiros, ascensorista de elevador, ajudantes de pedreiros, etc.

Na prática, a aprovação da nova proposta de Reforma da Previdência terá que ser precedida por uma política pública que motive a inclusão das pessoas mais velhas ao mercado de trabalho.

Caberá aos representantes do povo o debate, a educação e o estímulo das empresas, seja com incentivos fiscais ou até mesmo cotas para pessoas acima de 55 anos de idade. Não adianta só dizer que as pessoas precisam trabalhar mais tempo, é necessário criar as condições propícias para o trabalho.

 

https://coletiva.net/colunas/nao-ha-problema-em-trabalhar-o-problema-e-conseguir-trabalho,302216.jhtml

Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO – Instituto Pesquisas de Opinião em 1996. Utilizando a ciência como vocação e formação, se tornou uma especialista em comportamento da sociedade. Socióloga (MTb 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na UFPel e tem especialização em Ciência Política pela mesma universidade. Mestre em Ciência Política pela UFRGS e professora universitária, Elis é diretora e Conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) www.asbpm.org.br

 

 

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