Na semana em que o IPO – Instituto Pesquisas de Opinião completa 21 anos estou participando do 7º EDEP (Encontro de Dirigentes de Empresa de Pesquisa), que ocorre em São Paulo e trata das questões e soluções da indústria da pesquisa. O termo “indústria” é utilizado para retratar o conjunto de processos que envolvem a realização de uma pesquisa, seja ela de opinião, de mídia, de avaliação de um produto, marca ou até mesmo uma pesquisa eleitoral.
Há dilemas comuns dentre as empresas, no que diz respeito a gestão de pessoas, inseguranças jurídicas do direito trabalhista e avanços contínuos da tecnologia.
E há dilemas específicos, associados a natureza da pesquisa que, via de regra, atende demandas pontuais e se caracteriza como uma atividade intermitente. Como muitos projetos são ad hoc, há um trabalho customizado, personalizado que ativa a necessidade de profissionais com uma visão holística, com capacidade de transformar o problema do cliente em uma formulação de pesquisa, em muitos casos, estes profissionais precisam “descobrir” qual é o problema do cliente.
Essa necessidade do mercado exprime um perfil para o profissional de pesquisa que, obrigatoriamente, passa pelas seguintes premissas:
- a) vocação, paixão pelo explorar, descobrir;
- b) ter a capacidade multitarefa;
- c) ter visão sistêmica de mundo, onde a capacidade técnica esteja alinhada à capacidade humana e que resulte em uma capacidade conceitual de gerir um projeto com todas as suas facetas.
Dentre os dilemas da era digital, está a “banalização da informação” que exige que os institutos de pesquisas demonstrem que possuem informações mais qualificadas, garantindo a fonte, a técnica e, principalmente, a leitura dos dados, a capacidade sociológica de analisar a informação dentro do contexto social, de consumo ou político.
Tanto na comunicação, quanto na pesquisa, o “Santo Graal” é possuir a capacidade de ter indicadores eficientes de ROI, que monitorem com propriedade o retorno do investimento, grande desafio para os analistas de pesquisa.
Com o empoderamento do consumidor em um mundo cada vez mais digitalizado, há muita expectativa do mercado em relação a técnicas que propiciem uma análise mais assertiva e estratégica. A indústria da pesquisa está retomando os conhecimentos de ciências que analisam o micro, como a antropologia, onde a etnografia é o “carro chefe” e abre caminho para a disruptura de alguns paradigmas que deverão eclodir em debates na academia, que possam descrever e tipificar técnicas que legitimem o design thinking, lean marketing, agile, jornada do cliente e as personas.
Os desafios de investigação se ampliaram e o mercado passa por “disrupturas”. Outrora, a empresa de pesquisa precisava estudar a demanda do cliente, precisava responder uma inquietação ou até mesmo uma dúvida. Atualmente, as empresas de pesquisa precisam iniciar a sua pesquisa com as informações que o cliente dispõe.
A riqueza do debate foi brindada com o relato de Luís Paulo Montenegro, que trouxe, em detalhes, a história do IBOPE até o IBOPE Inteligência e terminou com a seguinte frase de Fernando Sabino: “No fim tudo dá certo, e se não deu certo é porque ainda não chegou ao fim.”