Há pouco menos de duas décadas havia a supremacia dos meios de comunicação tradicionais. A grande maioria das pessoas assistiam televisão, escutavam rádio e liam jornal. Desde a massificação da banda larga de internet e dos smartphones em 2012, iniciou-se uma transformação digital. Algumas referências datam à popularização da internet no ano 2000, mas não podemos esquecer que nesse ano a internet ainda era discada e conectada a uma linha telefônica. Parece inacreditável, mas na época, se você estivesse conectado à internet, a linha ficava ocupada, você não podia atender chamadas no telefone e a maioria das pessoas não tinham nem sequer um aparelho de telefonia celular.
Hoje, a massiva maioria dos gaúchos está conectada às redes sociais. As pesquisas realizadas pelo IPO – Instituto Pesquisas de Opinião indicam que nove de cada dez gaúchos utilizam o WhatsApp, Facebook ou Instagram para se comunicar, se entreter ou se informar.
Quanto maior a idade e menor a renda, maior a relação com o Facebook. Ao contrário, quanto menor a idade e maior a renda, maior a relação com o Instagram. Já o Whats, junto com outros aplicativos de mensagens instantâneas, se massificou, tornando-se mais do que um meio de comunicação.
A conexão com o mundo digital é quase que a última atividade de um dia e a primeira ação do dia seguinte. A primeira análise nos dados de pesquisas quantitativas nos revelam que metade da população brasileira se informa pelos meios de comunicação tradicionais e metade pelo digital.
Fazendo um sobrevoo de drone no entorno dos dados qualitativos, verifica-se que cada um dos meios de comunicação ocupou um espaço, um papel no sistema de crenças da população e pode-se elencar três premissas que fazem o efeito all-line (que é a integração entre o chamado mundo off-line da comunicação tradicional com o on-line da comunicação digital).
O primeiro aprendizado é sobre o efeito multi tela. Estamos conectados a vários aparelhos e, por consequência, a diversos canais.
O segundo ponto diz respeito à transformação do mundo da comunicação e à migração de veículos tradicionais para o mundo digital. Atualmente, se pode assistir televisão, ler o jornal ou escutar a rádio de preferência no próprio smartphone.
O terceiro tema está associado ao papel que cada um desses meios de comunicação exerce na realidade das pessoas. Os veículos tradicionais vivem um processo de ressignificação, em função da credibilidade que possuem. Quando o quesito é credibilidade, deve-se pensar em televisão, jornal e rádio. Inclusive, muitas marcas que só existem no mundo digital, anunciam nos veículos tradicionais. Os meios de comunicação digitais trazem a instantaneidade da informação, permitem o relacionamento e são um ótimo lugar para as pessoas darem pitacos.
O resumo é o seguinte: as pessoas estão conectadas a várias telas, recebem informação por vários canais, mas na dúvida vão procurar um veículo tradicional, mesmo que em sua versão digital, para saber se o boato é fake ou fato. Vale lembrar que cada um desses meios têm uma dinâmica. O digital nos conta rapidamente sobre um acontecimento, nos dizendo “quando” e “onde” foi. Agora, se quisermos mais informações, para saber o “como” e o “porquê”, daí precisamos dos veículos tradicionais e, principalmente, dos profissionais do jornalismo.