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A sensação de insegurança afeta o convívio social

Um tema que certamente está presente nas rodas de conversas entre familiares e amigos é a criminalidade/violência. Quantas recomendações recebemos ou oferecemos àqueles do nosso convívio para que tenham cuidado com lugares, horários e até andar com pertences a vista, como eletrônicos, por exemplo.

A violência é a ponta do iceberg de uma estrutura com grande desigualdade social*. O medo que aconteça alguma coisa com nossos familiares ou nós mesmos alimenta um imaginário social que é reforçado com um bombardeio de notícias sobre assaltos, assassinatos, agressões, furtos e todo os fatos típicos considerados crimes.

Por conta disso, muitas vezes, sem perceber vamos mudando nossa rotina: não saímos de casa tarde da noite, não frequentamos determinados locais por serem considerados “perigosos”, nos locomovemos com os vidros dos carros fechados e com travas nas portas, entre outros. Essas atitudes vão segregando os espaços sociais e delimitando o uso dos espaços públicos.

Em uma pesquisa sobre a Vitimização na cidade de Porto Alegre, realizada pelo IPO – Instituto Pesquisas de Opinião, os entrevistados foram questionados sobre quais as atitudes têm tomado, tendo em conta os riscos quanto a sua segurança e de sua família. As principais respostas foram:

– Evita sair de casa à noite ou chegar muito tarde, 35,4%;

–  Evita sair de casa com dinheiro ou objetos de valor, 33,3%;

– Deixa, algumas vezes, de participar de reuniões ou de eventos que lhe interessam, 10,6%;

– Reforçou a segurança da casa com trancas, muros, alarmes, câmeras, etc., 6,7%;

– Evita andar de ônibus, 5,8% entre outros.

A violência é um tema amplo, afeta a toda sociedade, mas para ser resolvido ou amenizado precisa de política pública efetiva e ações integradas com todas as áreas: social, assistencial, saúde, educação. É um investimento a longo prazo, mas que precisa de resultados já a curto prazo, pois a sociedade está perdendo seus espaços, seu direito de ir e vir.

 

* Brasil é o 10º (décimo) país mais desigual do mundo de acordo com Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) elaborado pelas Nações Unidas.

Débora Mello. Analista de pesquisa. Dedicada à epistemologia das ciências sociais, atua com afinco na análise de pesquisas qualitativas. Experiente em categorização e em análise de conteúdo, atuou na análise de projetos para: Grupo RBS, Rodoil, UCS, Eletrobras, Celulose Riograndense, entre outros.

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