Nesta semana comemoramos o dia internacional da mulher, sendo que esta comemoração é realizada há pouco mais de um século, ± 110 anos. A mesma o surgiu nos países desenvolvidos como um marco da luta feminina por melhores condições de trabalho, igualdade econômica e pelo direito ao voto.
No mercado de trabalho a mulher tem conquistado gradualmente mais espaço, atuado em diferentes funções e ampliado a sua participação em cargos de chefia, mas ainda estando abaixo dos indicadores de participação masculina.
– As mulheres representam 51,7% dos trabalhadores brasileiros segundo o IBGE e mesmo com mais escolaridade, ainda são minoria no topo da hierarquia do setor público e privado, representando pouco mais de 1/3 dos cargos gerenciais.
– As mulheres ganham em média 77,5% do salário de um homem e este fenômeno é comum em todos os tipos de cargos e em diferentes áreas.
– Enquanto a taxa de desemprego entre os homens é de 11,6% entre as mulheres é de 15%, segundo o IPEA.
– E conforme a estatística de gênero do IBGE, as mulheres gastam em média 18 horas semanais com afazeres domésticos e cuidado com crianças enquanto o homem dispensa uma média de 10 horas.
A participação da mulher na política tem sito um processo de construção “lento, gradual e seguro”. Conquistou-se o direito ao voto e hoje há até cotas para candidatas mulheres, atuando como um sistema de inclusão compulsória da mulher na política. A representação da mulher na política tem crescido, mas está muito aquém de sua representação numérica.
– A mulher representa 52,5% da população brasileira e 52% do eleitorado.
– Atualmente ocupa 15% das cadeiras da Câmara dos Deputados (são 77 deputadas entre 513 cadeiras) e 14,8% no Senado (12 senadoras entre as 81 vagas). Na Assembleia Legislativa do RS as mulheres representam 16% (são 9 mulheres que ocupam as 55 cadeiras).
– Dentre os 22 ministros do Governo Bolsonaro há 2 ministras, representando 9,0%. No Governo Eduardo Leite são 6 mulheres, dentre as 22 Secretarias. Tal número representa o maior percentual de espaço político ocupado pelas mulheres, 27,2%.
– No Supremo Tributal Federal as mulheres representam 18,1%, são duas ministras entre os 11 ministros da corte.
– 11,7% dos municípios do país são comandados por mulheres (são 5.570 municípios e apenas 649 são administrados por mulheres) e apenas um entre os 27 Estados do país é comandado por mulher, 3,7% dos casos.
A cidade de Pelotas se destaca neste contexto, é governada por uma mulher e tem 19% de representação feminina na Câmara dos Vereadores.
Como tenho alertado, a participação da mulher na política precisa ser orgânica. Precisa ocorrer de forma natural, começando pelo maior envolvimento das mulheres em ONGs, diretórios acadêmicos, associações de bairro até chegar aos partidos políticos. As cotas são um instrumento de participação institucional que precisa ser superado por uma participação espontânea que ocorre com educação e cultura política.
Temos que rever nosso processo de educação política desde o ensino fundamental e superar a visão negativa que a sociedade tem da política. Temos que quebrar o estigma de que a política não presta!
Antes de tudo, o debate sobre a importância da política precisa entrar para dentro das nossas casas, para dentro da escola e para o nosso local de trabalho. A política decide o que podemos ou não fazer, o que é certo ou errado e a mulher precisa ter isso muito claro!
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Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO – Instituto Pesquisas de Opinião em 1996. Utilizando a ciência como vocação e formação, se tornou uma especialista em comportamento da sociedade. Socióloga (MTb 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na UFPel e tem especialização em Ciência Política pela mesma universidade. Mestre em Ciência Política pela UFRGS e professora universitária, Elis é diretora e Conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) www.asbpm.org.br