A pandemia poderá diminuir o número de votantes

Dia 15 de novembro teremos eleições municipais para escolhermos o prefeito e os vereadores que irão nos guiar e representar durante o período de 2021 a 2024.

A abstenção eleitoral, que se caracteriza como o ato de não ir votar, tem crescido no Brasil. Em 2006 a taxa de abstenção foi de 16,8%, em 2010 de 18,1%, em 2014 19,4%, e em 2018 chegamos a 20,3%. No RS esse índice foi de 18,1% em 2018.

Nas eleições municipais a variação ocorre conforme o porte do município ou o histórico de problemas: acusação de corrupção, desvio de verba, ou até mesmo se houve afastamento temporário ou cassação de prefeito. Na prática, se verifica que quanto maior for o município e a decepção do eleitor, maior é a abstenção.

O principal motivador da abstenção está associado ao desinteresse e ao descrédito com a política. Esse eleitor não se motiva a votar porque acredita que seu voto não é importante ou que pode até votar errado. A não participação no pleito também está associada com a decepção em relação à política. Pessoas que ficam indignadas com os escândalos de corrupção e se afastam do processo eleitoral.

Com a pandemia em curso durante o processo eleitoral de 2020, a grande pergunta é sobre a tendência do eleitorado e, principalmente, se a abstenção eleitoral tende a aumentar.

De um lado verifica-se a ampliação da negação com a política e a insatisfação da sociedade com a quantidade de incertezas em um cenário de constantes decretos. De outro, sem a perspectiva de uma vacina a curto prazo, amplia-se os números de infectados, com indicação de ampliação das regras de distanciamento social controlado e com a tendência de chegarmos em novembro com a pandemia em curso.

Diante desse cenário, o IPO – Instituto Pesquisas de Opinião tem questionado os gaúchos sobre a possibilidade de ir votar em um cenário de pandemia. Em média, 30% dos gaúchos afirmam que não irão votar ou que dependerá de como estiverem os indicadores da pandemia em novembro.

Essa é uma questão difícil de opinar, muitos entrevistados dizem que precisam de mais subsídios para avaliar. Dentre as preocupações está presente a logística de organização do pleito, sendo que o eleitor tem mais perguntas do que respostas:

a) como será o processo de distanciamento social desde a entrada dos prédios?

b) terá um controle do número de pessoas ingressando nos prédios?

c) serão revistas as seções eleitorais que têm espaços físicos limitados e grande aglomeração de pessoas?

d) haverá horário especial para o grupo de risco e idosos?

O grupo de risco e o de maior faixa etária são os que mais apoiam o isolamento social e se preocupam com o processo eleitoral, indicando a possibilidade de não participação ao pleito. Ao contrário, os que estão na atividade cotidiana das ruas e que defendem a economia por uma questão de subsistência básica, indicam que irão participar.

Essa “dicotomia comportamental” irá dificultar a vida dos candidatos que terão que equalizar os seus discursos motivando a importância do voto.

E vai exigir muita atenção e cuidado da Justiça Eleitoral, que terá que montar um protocolo que dê conta das diferentes realidades dos colégios eleitorais desse País e que dê segurança a toda população, em especial, à que está no grupo de risco.

Essa pandemia nos traz um “novo normal” para o dia a dia, um “novo normal” para decidir o voto e até mesmo um “novo normal” para se ir votar.

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Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO – Instituto Pesquisas de Opinião em 1996. Utilizando a ciência como vocação e formação, se tornou uma especialista em comportamento da sociedade. Socióloga (MTb 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na UFPel e tem especialização em Ciência Política pela mesma universidade. Mestre em Ciência Política pela UFRGS e professora universitária, Elis é diretora e Conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) www.asbpm.org.br

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