Para entendermos a expectativa de uma sociedade precisamos compreender a influência dos padrões estabelecidos, as práticas cotidianas e, principalmente, os juízos de valores externados através da opinião pública, inclusive a tendência do que é postado e compartilhado nas redes sociais.
O contexto em que vivemos se comporta como um poderoso influenciador de nossa percepção de mundo e, por consequência, de nossas ações e capacidade de persistir ou empreender em um objetivo. Quanto maior a crença, maior a possibilidade de sonhar, de ter um propósito e de correr atrás dele.
Por princípio, se temos bons exemplos, motivações, orientações o caminho se torna mais fácil e temos mais chance de progredir. Entretanto, quando o caminho é cheio de percalços, frustrações e dificuldades, maior é a possibilidade de indignação e de desistência.
Quando se estuda a opinião pública se observa que as escolhas e o comportamento de um indivíduo podem ser influenciadas pelo condicionamento cultural a certas situações, a palavras, a sons/músicas, a imagens ou até outros estímulos. Quanto mais informação ou educação formal, maior a capacidade de um indivíduo analisar um contexto de forma mais ampla. Porém, a capacidade de empatia e a visão dialética está mais associada aos valores, compaixão, espiritualidade e religiosidade.
Tendo em vista os novos líderes eleitos (Presidente, Governador e deputados) o IPO – Instituto Pesquisas de Opinião verificou a expectativa dos gaúchos com a possibilidade destes novos representantes melhorarem a realidade dos gaúchos.
Quase metade dos gaúchos (48,9%) não espera melhorias em seu cotidiano. A outra metade se divide, entre os que tem expectativa de melhoria (24,9%) e os que são pessimistas e acreditam que a vida irá piorar (21,4%). Sendo que 4,8% não tem opinião formada sobre o novo cenário.
A pesquisa indicou que quanto mais jovem, maior é a crença, a expectativa com dias melhores. Ao contrário, quanto maior a idade, maior é a desesperança.
Os que acreditam em melhoria, depositam esperança na renovação política que ocorreu no Estado e no País. Os que avaliam que não irá haver mudança, acreditam que não há interesse dos políticos para resolver os principais dilemas da sociedade e citam os interesses pessoais dos políticos e a corrupção como o principal motivador das práticas vigentes. Os pessimistas, tem uma visão unânime em torno da corrupção, como empecilho para melhoria de vida da população.
Os entrevistados relatam que corrupção se manifesta através do exercício de uma prática não-legitimada em termos morais, políticos e até religioso, “não é certo, mas quem tem o poder faz”. A corrupção está presente em todos os âmbitos da sociedade e, na maioria dos casos, está disfarçada de “jeitinho”, é alimentada pela ideia de tirar vantagem de algo ou de burlar uma burocracia.
Os entrevistados são participativos em pesquisas que avaliam a realidade em que vivem. Muitos entrevistados fazem análises complexas e apontam o que irá acontecer no cenário político brasileiro, citam as artimanhas dos políticos tradicionais e a tendência dos eleitos se tornarem reféns dos conluios políticos ou serem absorvidos pelo sistema político brasileiro, incluindo a judicialização da política.
E assim entramos o ano, com expectativa relativa e com o desejo que os líderes sejam líderes e os vícios da cultura política sejam suprimidos pelas virtudes da democracia, que deve visar o bem comum.