A democracia deve ser inegociável

É comum as pessoas reclamarem da democracia brasileira.

Por princípio, democracia significa governo do povo. No Brasil vivemos uma democracia representativa, onde o processo eleitoral tem como função básica a possibilidade dos cidadãos escolherem os seus representantes, que devem compor o governo, definir políticas públicas e até mesmo reformular ou criar leis.

Nossa Constituição é fruto de um regime democrático e prevê que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, com: a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.

O objetivo da Constituição é “assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça, como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos.

E a representação deve ser executada através de partidos políticos, que são o eixo fundamental da representação política. Cabe aos partidos políticos, a função básica de representação dos interesses das classes e dos grupos sociais.

A análise rápida do conceito de democracia representativa e de nossa Constituição nos mostra a base do nosso problema: o desencanto, a apatia e a hostilidade em relação à democracia estão associadas diretamente com a ineficiência dos partidos políticos e com a falta de lideranças.

Atualmente, as pesquisas realizadas pelo IPO – Instituto Pesquisas de Opinião identificam que um quarto dos gaúchos tem dúvida ou são contra a democracia.

A indignação e pessimismo da população contra a democracia acentua-se pelo sentimento de ineficácia política, alimentado pelos escândalos de corrupção que assolam membros de várias instituições democráticas e que estão sempre sendo contados nos telejornais.

A crítica à democracia é maior entre a população de baixa renda e menor escolaridade. A maior parte dessas pessoas acredita que o fim da democracia resultaria em moralização política, acabando com o toma lá dá cá e diminuindo a burocracia. Almejam por um caminho, querem uma luz no fim do túnel. Querem que haja líderes que cumpram o prometido, que tenham políticas públicas eficientes contra a violência e que as ações do governo visem o bem-comum!

Quem critica a democracia desconhece que é a melhor forma de governo que a humanidade construiu até o momento. Como não viveram outras experiências de governo, acreditam que a democracia seja “responsável pela sacanagens políticas do país”.

Por mais que nossa democracia tenha problemas, é preciso que ela amadureça, mas sem dúvida ela é o baluarte de nossa sociedade. A democracia deve ser respeitada e defendida!

Mas continuamos com uma fila de “temas de casa”, para equacionar os muitos problemas existentes em nossa democracia, tais como:

a) combater a cultura política do jeitinho brasileiro, que é uma porta cultural para a sacanagem e a corrupção;

b) redesenhar os princípios dos partidos políticos, fazendo com que eles se aproximem da sociedade e que seus projetos sejam cumpridos;

c) ampliar a participação política da sociedade em todos os espaços democráticos de deliberação;

d) envolver a sociedade nos debates que visem a reformulação ou criação de leis;

e) manter a continuidade de reformas políticas do país, em especial, sistema político e eleitoral.

Temos uma jovem democracia que precisa se fortalecer para que seja um instrumento efetivo de justiça, igualdade, desenvolvimento e bem estar social.

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Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO – Instituto Pesquisas de Opinião em 1996. Utilizando a ciência como vocação e formação, se tornou uma especialista em comportamento da sociedade. Socióloga (MTb 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na UFPel e tem especialização em Ciência Política pela mesma universidade. Mestre em Ciência Política pela UFRGS e professora universitária, Elis é diretora e Conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) www.asbpm.org.br

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