Há uma frase que seguidamente vem à minha cabeça, serve como uma bússola mental, me chamando a atenção quando há um determinado fato, me mostrando que sempre há vários ângulos de análise: “não há nada tão bom que não tenha algo de ruim e não há nada tão ruim que não tenha algo de bom”.
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No IPO – Instituto Pesquisas de Opinião, tenho coordenado muitas pesquisas durante essa pandemia. Compilando informações que mostram o medo, a preocupação, a indignação e a revolta da população. Mas também vejo dados que indicam que a sociedade tem muita esperança, fé, determinação, perseverança e capacidade de resiliência.
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Se pararmos para fazer uma análise de tudo o que passamos nesse primeiro ano de pandemia, podemos sistematizar uma lista de coisas ruins, de tristezas, problemas, incômodos ou estresses.
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A intensidade dessa lista de coisas ruins pode variar de família para família. Para algumas famílias a pandemia foi tão cruel, que levou entes queridos. Para outras, a pandemia trouxe sérios problemas financeiros. Para outras famílias a Covid está sendo sinônimo de estresse e para algumas famílias a Covid-19 é apenas um incômodo, uma mudança de rotina.
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Utilizando a reflexão inicial, a pandemia está trazendo muitos aprendizados e está alterando a base cultural e emocional da sociedade. Não seremos os mesmos depois da pandemia.
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A pandemia nos tirou da zona de conforto, alterou a nossa rotina, bagunçou os nossos planos, nos fez repensar o hoje e diminuiu o nosso ritmo.
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Nos colocou mais tempo dentro de casa, nos fez dar atenção à dinâmica de nossas vidas, nos fez observar o espaço de nossas casas e a disposição de nossos móveis e até nos mostrou as memórias de nossas gavetas.
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Esse ano de pandemia ativou a saudade. A vontade de abraçar, de beijar, de estar junto, de confraternizar, de bater papo ou de participar daquela roda de chimarrão.
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Nos fez olhar para dentro de nós. Nos mostrou que precisamos uns dos outros, que não podemos ser tão individualistas. Que os sentimentos de coletividade e de comunidade fazem parte da nossa essência.
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A pandemia nos fez rever conceitos, nos mostrou que somos muitos frágeis e que nosso corpo e a nossa saúde podem ser atacados quando a gente menos espera.
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Nos sensibilizou, nos mostrou que os nossos problemas podem ser pequenos quando olhamos para o lado, quando vemos que o outro está doente ou não tem o que comer.
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A pandemia mobiliza a solidariedade, descortina a realidade da vulnerabilidade social. Nos faz prestar atenção no que ocorre em nossa rua, em nosso bairro e em nossa cidade. A pandemia fortalece a humanidade que existe em cada um de nós, desperta a empatia e faz florescer a generosidade.
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Muitos me perguntam se sairemos melhores de tudo isso. Sempre respondo que sim! Deve diminuir o percentual de individualismo, o percentual de egoísmo e ampliar o percentual de integração, identidade e sentimento de comunicação. Teremos mais capital social, teremos mais amor.
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Claro que vamos continuar com o oportunismo, com o jeitinho brasileiro, com a ignorância, a intolerância, a maldade e a criminalidade.
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A pandemia está nos dando uma lição e teremos que trilhar o melhor caminho para sairmos dessa experiência mais fortalecidos.