A distinção entre público e privado tem estreitado cada vez mais frente aos esforços de reformulação da noção de empresa, vista antes como algo destacado da sociedade. Tradicionalmente, a Teoria Geral da Administração, sobretudo na perspectiva clássica, conceituava a gestão a partir da produção, do rendimento e do lucro e, por isso, ainda hoje, não é pecado confundir os termos responsabilidade social empresarial com publicidade e promoção de marca. Surge desse paradoxo a dificuldade em conceber a empresa como um ator social para além de sua autopreservação e autopromoção, pois não é fácil pensar as corporações de outra maneira, quando a própria teoria da administração teria surgido com vistas a esses fins.
O termo ‘responsabilidade social empresarial’ é bastante novo mundo afora, e no Brasil, não é diferente – em 2018 fará 20 anos o Instituto Ethos (http://www3.ethos.org.br), principal gatilho da causa no país. O objetivo é claro: ajudar a integrar as empresas na construção de uma “sociedade sustentável e justa”, a fim de que a prosperidade econômica não mais se oponha às concepções de prosperidade social e de prosperidade ambiental. Mas é importante destacar: a iniciativa não possui apenas fins publicitários, “da boca para fora”; o movimento é ético e substancial, visando a constituir as organizações em todas suas práticas. Não à toa que, entre os princípios, os valores concernem transparência, combate à discriminação, valorização da diversidade, primazia da ética, integridade e interdependência.
Hoje, o Instituto Ethos conta com 521 empresas associadas no Brasil, dentre as quais se destacam o Carrefour, a Coca-Cola, a Natura e o Walmart. Porém, qualquer empresa disposta a se adequar ao novo paradigma organizacional pode começar a adotar as Sete Diretrizes da Responsabilidade Social Empresarial, passo-a-passo enunciado pelo SEBRAE em parceria com o Ethos:
1) Adotar valores e trabalhar com transparência;
2) Valorizar empregados e colaboradores;
3) Fazer sempre mais pelo meio-ambiente;
4) Envolver parceiros e fornecedores;
5) Proteger clientes e consumidores;
6) Promover sua comunidade;
7) Comprometer-se com o bem-comum.
O objetivo é fazer com que todos ganhem a partir da cooperação: as empresas, os cidadãos e a sociedade como um todo. Por isso, a Responsabilidade Social não se trata apenas de publicidade “politicamente correta” e sim, da construção de um espaço social aberto à diversidade, à confiança, à transparência e à inovação. A sua empresa: já está alinhada a esses valores?