Ao longo de décadas, a saúde pública se destacou como a principal prioridade dos gaúchos. A população afirmava que tinha como se defender na área da segurança, evitando locais inseguros, cuidando o horário de circulação, andando em grupos, entre outras medidas adotadas. A preocupação em relação à vida centrava-se na saúde: em média, 1/3 da população tinha receio de descobrir uma doença fatal ou de sofrer um infortúnio no trabalho ou no trânsito e não ter o atendimento adequado ou, simplesmente, não ter o atendimento. A saúde pública sempre esteve no centro dos dilemas tradicionais, dilemas antigos.
Nos últimos anos, a segurança passou a ser um novo dilema, ocupando os primeiros lugares no ranking geral de prioridades. Perplexa, a população introjeta a cultura de que não há mais lugar e nem horário, que a violência pode acontecer na frente de casa, em uma esquina qualquer, na frente da escola ou em local movimentado.
O dilema da segurança pública vem acompanhado de outros novos dilemas que afetam a sociedade moderna: como a mobilidade urbana, em especial, a situação do trânsito (tanto em fluidez quanto em violência) e a retração da economia que diminui o poder de compra, aumenta o risco de desemprego e atua como uma das justificativas do atraso dos salários no setor público.
O anseio da sociedade é de superação de prioridades. A população almeja que cada governante resolva um ciclo de problemas ou avance na minimização deles. A sensação da população é de um contínuo retrocesso, com a diminuição da resolução de problemas tradicionais e a ampliação de novos dilemas. Tal percepção acirra a descrença com a política e com os governantes e obriga a sociedade a buscar mecanismos de sobrevivência individual e de solidariedade coletiva.