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Eleições 2018: “Memes” como estratégia de engajamento político.

As mensagens são diretas e com um forte poder de identificação. Seu conteúdo parece raso, mas normalmente carrega consigo uma sátira social capaz de engajar milhões de pessoas no ambiente virtual. É preciso estar muito atento para acompanhar a rapidez com que esse fenômeno tem revolucionado a comunicação na internet. Com linguagem simples e popular, os memes estão conseguindo mudar a forma com que a população se relaciona com o cenário político.

           Meme nada mais é como parte de uma célula virtual, um gene. Ele tem poder de replicação em massa conforme a adesão dos usuários. Se multiplica na rede numa velocidade absurda e com alto poder de mutação. Sua principal característica é constituir novos significados, caso contrário é levado a extinção.

Muito além de um simples humor, nota-se cada vez mais que os memes são utilizados na política como uma eficaz estratégia de convencimento, engajamento e sátira dos próprios candidatos em visibilidade. É a arena de combate eleitoral se reinventando. Nesse ambiente, os memes acabam contribuindo para que o debate político social seja impulsionado ampliando seu alcance para camadas sociais e ideológicas que não perpetuavam o hábito de participar com tamanha ênfase desse debate.

As estratégias de convencimento, engajamento e sátira tornam os memes peças importantes de um dispositivo político que podem ou não serem assumidas por quem as detém, sendo assim, é importante quanto objeto de estudo, identificarmos os três tipos das funcionalidades dessa estratégia de comunicação.

A primeira função visa a prática do convencimento. Ela pode ser entendida como as peças de uma comunicação publicitária. É aquele material mais descontraído com um padrão estético zeloso. Geralmente se tratam de banners online com o objetivo de persuasão sobre o eleitor.

A segunda função que os memes cumprem é de estimular o engajamento dos usuários online, como é o caso da criação de alguma campanha virtual através da divulgação de hashtags. É a experiência dos usuários servindo de mimetização da proposta inicial.

Já a terceira função ocupada por um meme é a de satirizar a política e os candidatos, justamente o ato de retirá-los de suas zonas de conforto, como pessoas intocáveis, e colocá-los na zona de batalha para se tornarem alvos de crítica popular.

Engraçados ou não, fato é que os memes geram empatia, e esta é a base para uma boa comunicação. Essa nova forma de expressão tem grande poder de mobilização e articulação nas redes. Ao mesmo tempo que são tratadas como heróis, podem ser identificadas como vilões. Heróis por nos possibilitarem um consumo de informação facilitado e interativo. Vilões pelo tipo de mensagem que carregam: um conteúdo raso, desacompanhado de um aporte teórico.

Mas vale lembrar que em um país onde a descrença política não para de crescer, ter um meio que consiga trazer os eleitores para o debate político já é uma grande vitória. Resta-nos saber, então, se a mesma qualidade de produção e engajamento de memes políticos compartilhados se mostrará presente nas urnas em outubro deste ano.

 

Fábio D´Avila: Cientista da comunicação, é um entusiasta da área da pesquisa. Altamente comprometido com a gestão da informação, critica persistentemente os dados

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